Quase 300 pessoas participaram do Seminário Tecendo Práticas Inclusivas na Educação

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Durante um dia inteiro, cerca de 300 pessoas participaram do Seminário Tecendo Práticas Inclusivas na Educação. O evento, que abordou e estimulou a reflexão sobre temas como as práticas inclusivas para pessoas com deficiência física, auditiva, visual, psicossocial e intelectual, aconteceu no dia 21 de agosto, na Associação Médica de Mina Gerais, e foi realizado pela Associação Mineira de Reabilitação (AMR), com financiamento do projeto Instrumentalizar para Incluir – Fase II, nº 01.078390.17- 44 – FMDCA/BH.

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A princípio foram disponibilizadas 250 vagas. Porém a procura foi grande e a oferta se esgotou em três dias. Num esforço de tentar atender ao maior número possível de pessoas, mais 50 vagas foram ofertadas, que também se esgotaram rapidamente, em apenas três horas.

A Superintendente Geral da AMR, Márcia Castro, deu as boas-vindas aos presentes e falou sobre a importância do Seminário. “Todos somos iguais, temos os mesmos direitos e devemos ser vistos como seres humanos, independentemente da condição, credo ou cor. E a escola tem um papel crucial na transformação da sociedade”.

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Eduardo Gontijo, o Dudu do Cavaco, que tem Síndrome de Down, tocou o hino nacional e mais três canções.

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Na sequência teve início as palestras. A primeira foi de Katiuscia Cristina Vargas, sobre a “Trajetória Escola Inclusiva na Educação infantil, fundamental e média – Desafios e Perspectivas”. Ela destacou que a educação inclusiva só se faz com a participação do outro, e não para o outro.

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A Mesa 1, sobre “Práticas inclusivas na escola para as pessoas com deficiência física”, começou com a palestra “Papel da equipe de saúde na inclusão escolar: Projeto Escolar AMR”, com a participação dos profissionais da AMR, Silvia Gonçalves, Viviane Cardoso e Guilherme Sette Câmara. Eles falaram sobre os trabalhos realizados com os atendidos pela AMR, como o Projeto Inclusão Escolar e a Esporteterapia.

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A segunda palestra foi de Luciana Chaves Aguiar Pacheco, que falou sobre “O aluno com paralisia cerebral em sala de aula, interlocução entre sala de aula e AEE – produção de material didático e sua aplicação em sala de aula”. Ela destacou que o objetivo principal do Atendimento Educacional Especializado (AEE) é quebrar as barreiras de comunicação e atendimento educacional, independentemente dos recursos que se tenha.

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Fechando a manhã com chave de ouro Amanda Alether, ex-aluna da AMR, fez uma palestra se comunicando com todos por meio do teclado do computador. Até os quatro anos ela tinha uma vida normal. A partir dessa idade começou a perder os movimentos e fala, e descobriu que tinha a Síndrome de Leigh. Na palestra ela mostra todos os percalços e preconceitos que passou, especialmente na escola. Hoje ela é graduada em publicidade e propaganda pela PUC Minas.

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Tarde com mais reflexões

A segunda parte do Seminário Tecendo Práticas Inclusivas na Educação foi aberta com um esquete teatral. “A história de Cátia” mostrou o primeiro dia de Cátia, deficiente visual, como secretária, em um escritório. Sua colega, Helen, nada ajudou em sua adaptação, mostrando total falta de preparo, informação e respeito com a colega.

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Na sequência Janaina Marques Maynard palestrou sobre “Comunicação no contexto escolar”. Ela destacou que “A Comunicação Alternativa é aprendida. Se ela não for treinada com os mediadores (irmãos, pais etc), ela não funciona. Não basta apenas incluir, é preciso participar”.

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A Mesa 2, com o tema “Práticas Inclusivas na Escola para as Pessoas com Deficiência Psicosocial e Intelectual”, foi aberta com a palestra de Maria Luísa M. Nogueira, que falou sobre “O aluno com transtorno do espectro autista – intervenção precoce e inclusão em sala de aula”. De acordo com ela “Há um desconhecimento e despreparo dos docentes em relação ao autismo”, e completou dizendo que “O adulto precisa ser um par, precisa dançar junto”.

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Katiuscia Cristina Vargas, palestrou em seguida sobre o aluno com deficiência intelectual em sala de aula. Ela lembrou que a deficiência intelectual foi muito marcada pelo NÃO: não tem autonomia, não pode fazer, não consegue etc. “A deficiência intelectual não é mais uma justificativa para o não aprendizado. A proposta da educação inclusiva suscita e ratifica a ideia de que os processos escolares com a possibilidade de aprendizagem são para todos os alunos. Esses processos devem ser pensados de forma diversa, rica “, reiterou.

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Exemplos reais

Cynthia Prata, vice-presidente da Associação da Síndrome de Asperger no Transtorno do Espectro do Autismo MG (ASA-TEA MG), contou sua experiência como mãe de três filhos, sendo dois com TEA. Um deles, após vários diagnósticos errôneos, foi diagnosticado com a Síndrome de Asperger. Agora ele está na metade do curso de medicina. Ela destacou que “Para que eles alcancem essa autonomia eles precisam da escola. Os maiores traumas eles trazem da escola. Então, repito, tenham paciência e compaixão”.

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A Mesa 3, “Práticas inclusivas na escola para as pessoas com deficiência auditiva e visual”, teve Romerito Costa Nascimento ministrando a primeira palestra sobre “Estratégias facilitadoras para inclusão do aluno com deficiência visual em sala de aula”. Romerito é deficiente visual e frisou a importância de o professor saber Braile. Destacou ainda a importância de desenvolver a autonomia nas crianças cegas. “A gente precisa construir com a criança essa autonomia. Para isso, basta o professor utilizar o conhecimento que ele já tem”.

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Clarissa Fernandes das Dores, deficiente auditiva, palestrou com o auxílio de uma tradutora, sobre “A escola bilíngue”. Ela destacou a luta do movimento surdo em defesa da educação de surdos. “O mais importante é a empatia. Nós só queremos que vocês nos respeitem como surdos. Quando você aceita a língua da outra pessoa, você aceita a pessoa “.

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Finalizando a Mesa 3, Vanessa Gonçalves Silveira, estudantes de Ciências Sociais na UFMG, fez um relato sobre a sua trajetória na escola. Ela é deficiente visual. “Quase não tinha livros em braile na escola. Eram muitas as dificuldades, mas eu também tinha muita vontade de continuar estudando. Porém, a maioria não se sente muito à vontade em seguir os estudos, devido a essas dificuldades”. Ela fez vestibular e passou. De acordo com ela o vestibular foi muito acessível, porém essa não foi a mesma realidade que encontrou quando entrou. Atualmente a UFMG conta com o NAI – Núcleo de Apoio e Inclusão.

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Fechando o Seminário Adriana Valadão palestrou sobre a inclusão na universidade. Ela explicou que a UFMG começou com a reserva de vagas para alunos com deficiência a partir deste ano de 2018. Foram oferecidas 680 vagas, porém apenas 223 pessoas ingressaram nos cursos. A grande maioria (30%) em cursos da área da saúde. “Entre os desafios estão a estrutura física, de equipamentos e pessoal. Também o número de professores com formação em educação especial”, finalizou.

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